O trigo é uma das culturas de maior importância econômica para o país. Os investimentos relacionados aos tratos culturais envoltos a essa cultura são fundamentais para garantir boas produtividades e o atendimento da demanda interna pelo cereal. Nesse contexto, as práticas de manejo de plantas daninhas que afetam a cultura são fundamentais e necessárias para garantir o sucesso da lavoura.
Estamos nos encaminhando para o período final do zoneamento agrícola para semeadura do trigo na região Oeste do Paraná, porém, apesar de algumas áreas ainda não terem sido semeadas percebemos que muitas lavouras já foram implantadas a pelo menos 30 dias e estas, encontram-se no momento, em fase inicial de perfilhamento.
São bastante comuns e já presentes nas lavouras de trigo recém implantadas espécies de monocotiledôneas como Azevém (Lolium spp.) e Aveia (Avena spp.) e espécies de dicotiledôneas como Picão preto (Bidens spp.), Leiteiro (Euphorbia spp.) Corda de Viola (Ipomea spp.), Nabo (Raphanus spp.) e Trapoeraba (Commelina spp.), entre outras. Todas essas espécies apresentam potencial significativo de redução de produtividade na cultura do trigo e merecem atenção quanto ao nível populacional presente na lavoura, exigindo assim medidas de controle sempre que necessário.
Muitas vezes as geadas que ocorrem com maior intensidade no momento em que o trigo se apresenta na fase de perfilhamento são muito benéficas para a cultura, pois, além de estimular ainda mais o potencial natural de perfilhamento do trigo também acabam por destruir daninhas que são vulneráveis ao frio, como por exemplo o Picão preto e a Trapoeraba. Apesar desse “controle natural”, muitas vezes existe a necessidade de intervir com os herbicidas indicados para a cultura.
Para o controle de espécies dicotiledôneas geralmente são utilizados herbicidas a base de 2,4D e Metsulfurom-metílico. Recomenda-se que esses herbicidas sejam aplicados antes do início da fase de elongação da cultura, ou seja, no máximo até no final do perfilhamento, pois, apesar de serem seletivos à cultura apresentam elevado potencial de injúria quando aplicados fora do estágio recomendado.
A mistura de tanque com ambos os produtos geralmente é prática frequente entre os produtores, principalmente quando no mesmo talhão são encontradas mais de uma espécie de daninhas. Vale aqui ressaltar a ocorrência já comprovada, em muitas regiões, de espécies de Raphanus spp. resistentes ao herbicida Metsulfurom-metílico. Neste caso a única opção seria o uso do 2,4D.
Para o controle das espécies monocotiledôneas geralmente são utilizados os produtos a base de Pyroxsulam, Iodosulfurom-metílico e Clodinafope-propargil. Também para esses produtos é importante observar o estágio adequando da cultura para aplicação, pois, apesar de serem seletivos também podem causar injúrias se aplicados fora do estágio recomendado.
Para o controle das monocotiledôneas também vale ressaltar a ocorrência de espécies de Azevém resistentes aos herbicidas inibidores da enzima ALS (acetolactatosintetase). Essa resistência já apresenta relatos científicos comprovados e, nestes casos, a recomendação é o uso de herbicidas que não fazem parte do grupo que apresenta este mecanismo de ação. Dessa forma, o histórico da área e acompanhamento por profissionais com experiência de campo faz toda a diferença no momento da recomendação do melhor herbicida a ser aplicado.
Vale ressaltar também sobre as condições climáticas adequadas para a boa performance de todos os herbicidas utilizados em pós emergência da cultura, pois, temperaturas abaixo de 15° C e umidade relativa do ar abaixo de 60% tendem a diminuir significativamente a eficiência, comprometendo assim o controle adequado.
O estágio das plantas daninhas também deve ser observado. Geralmente recomenda-se a aplicação, para se obter um controle eficiente, quando as daninhas ainda se encontram em fase de plântula, ou seja, no máximo com 4 folhas expandidas, tanto para mono quanto para dicotiledôneas.
Deve se ter atenção também para a mistura de tanque, pois, em alguns casos, a mistura de diferentes herbicidas ou mesmo a mistura destes com fertilizantes foliares podem causar injúrias significativas para à cultura, acarretando em perdas de produtividade. A aplicação de alguns herbicidas sem intervalos de segurança, tanto antes como após a aplicação de fertilizantes nitrogenados também podem ocasionar problemas para a cultura e por isso merecem atenção e planejamento antes de se realizar qualquer destas operações.
Tudo isso só reforça a necessidade de acompanhamento e monitoramento das lavouras por técnicos qualificados e que apresentem experiência de campo, a fim de que as recomendações técnicas sejam pontuais a assertivas, evitando assim problemas futuros e desconfortos no momento da colheita.