GRAD, UFPR e voluntários atendem animais em aldeias do território indígena Rio das Cobras.

Parceria entre Universidade Federal do Paraná, GRAD e voluntários levou ações integradas de saúde humana, animal e ambiental a maior terra indígena das regiões Sul e Sudeste

Imagens/ Divulgação/ Pedro Sant’Anna.

Mais de uma centena de animais receberam cuidados veterinários em comunidades indígenas do território Rio das Cobras, no Paraná, em ação realizada entre 26 e 30 de maio. Ao todo, a equipe do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) realizou 161 atendimentos diretos a animais domésticos.  A equipe aplicou as vacinas múltipla e antirrábica, desparasitou e aplicou medicamentos quando necessários, além de orientar tutores sobre cuidados. Também foram distribuídos 85 kg de ração, com atenção especial às casas em situação de maior vulnerabilidade.

Longe dos centros urbanos e ainda mais distantes do acesso pleno à saúde, tanto para humanos quanto para animais, as aldeias da Terra Indígena Rio das Cobras receberam uma força-tarefa composta por veterinários, técnicos e apoiadores de diferentes instituições, em uma ação que combinou ciência, empatia e escuta ativa.  Mais do que uma operação sanitária, a missão tornou visível uma realidade silenciosa: a convivência entre os povos indígenas e seus animais domésticos, que é marcada por vínculos afetivos profundos, também passa por desafios severos relacionados ao bem estar e o equilíbrio entre os cuidados integrados entre saúde humana, animal e ambiental. Em muitas casas cães e gatos dividem espaço, comida e calor com as famílias.  São protetores, companheiros e participantes do modo de vida, mas também estão vulneráveis à fome, à doenças que a falta de políticas públicas sustentáveis impõe.

Foi com essa sensibilidade que a equipe do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD), em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizou atendimentos em quatro aldeias: Lebre, Pinhal, Campo do Dia e Vila Paulista. A atuação em campo contou com o apoio das lideranças locais e buscou priorizar os animais mais necessitados, por meio de uma abordagem de "busca ativa" atendendo no local onde os animais se encontravam, mesmo nas áreas mais isoladas.

Diagnóstico além das estatísticas

Mais do que números, a missão trouxe à tona a necessidade urgente de ações estruturadas. O protocolo sanitário incluiu vacinação, vermifugação e desparasitação. Foram realizadas coletas de sangue, fezes e pelos para análise laboratorial a ser realizada por equipe da UFPR. O levantamento mostrou uma superpopulação de animais nas aldeias, fruto de abandono nas estradas da região.  Muitos cães e gatos apresentavam desnutrição avançada, feridas abertas, infestações por parasitas e doenças que demandam tratamentos contínuos. Filhotes debilitados, cadelas no cio, animais com queimaduras — muitas causadas por contato com restos de lixo incinerado — exigiram atenção imediata.

A escuta também foi essencial. Durante as conversas com o Cacique Karaí, na Aldeia Pinhal, foram identificadas as principais barreiras ao cuidado: a escassez de alimentos apropriados para os animais, a ausência de orientações sobre cuidados básicos e o descompasso entre as necessidades locais e a oferta de políticas públicas como o controle populacional. A equipe responsável pelos atendimentos contou com as médicas veterinárias Brenda Alessandra e Bianca Couto, e as auxiliares veterinárias Flavia Trindade, Cristiane Diniz e Paloma Lacerda, profissionais que atuaram com dedicação e respeito, em diálogo constante com os moradores.

O caminho adiante: educação e presença contínua

O trabalho realizado aponta para a importância de campanhas educativas sobre posse responsável e nutrição animal, com ações que considerem os saberes e os contextos indígenas. A estabilização nutricional dos animais foi apontada como prioridade para que, futuramente, se possa avançar com projetos de controle populacional, com suporte adequado no pré e pós-operatório das esterilizações.

Essa missão foi um primeiro passo. Um gesto de cuidado com quem muitas vezes está invisível. Em meio aos desafios, o que se viu foi também afeto, resistência e o desejo de fazer melhor. Porque cuidar dos animais é, também, cuidar das pessoas e do ambiente em que todos vivem.

Pedro Sant’Anna / (11) 94290-0788

 

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